Esta é uma pequena homenagem aos antecedentes e à família de minha esposa, Elvira Rocha.

Só posso escrever estas linhas porque um de meus interesses é a genealogia e a história. Que me perdoe uma de minhas cunhadas que disse que o que interessa são os vivos: há muitos vivos que agem como se estivessem mortos e muitos mortos que continuam vivos após séculos, em nossos genes e em tudo o que podemos desfrutar hoje pelo seu sacrifício do passado... Minha prima Giovanna Hagedorn acrescentou: "Eles devem ser reverenciados sim, e lembrados todos os dias nas nossas orações..." E acrescento: "lembrados todos os dias em nossas orações e ações de graça pelo que foram e fizeram e que nos permite vivermos hoje tão bem aqui...".

Comecei a pesquisar sobre os Rocha do litoral do estado brasileiro de Santa Catarina em 1996. Mas meu interesse pelo passado vem desde quando eu era adolescente e ouvia as histórias que minha mãe me contava a respeito de meu avô e de meus tios, de sobrenome Hagedorn: seus contatos com os índios, casos folclóricos da família, etc. Minhas pesquisas começaram a se ampliar, abarcando o sobrenome de minha avó materna (Sellmer), de meus bisavós maternos (Kohls e Blumenthal), de meus avós e bisavós paternos (Simões e Gameiro / Antunes de Andrade e Ba(p)tista de Oliveira) e, posteriormente aos sobrenomes relacionados com os antepassados de minha espôsa (Arns, Baumann, Köpp, Rocha, Schmöller e Schreiber) e aos "agregados" à família (Nienkötter, Souza, Tormin, etc.)

Os Arns

Dos antepassados Arns é que temos mais informações, graças à ajuda do saudoso frei João Crisóstomo Arns, cujo nome secular era Heriberto Arns. Ele presenteou-me com os livros "Tempo do Pai", "Mãe Helena, a Oma", ambos tratando das famílias Arns e Steiner, e "Além e a Aquém dos Horizontes", no qual conta muitas de suas experiências pessoais. Em 'Tempo do Pai", consta que Nikolaus Arns, pentavô de meus filhos, nasceu em 1° de maio de 1792 em Reil, Mosela, no que hoje é terrotório da Alemanha. Nikolaus participou, como soldado, da sangrenta batalha de Katzbach em 1813, onde o exército napoleônico sofreu consideraveis baixas. Nikolaus Arns casou-se aos 28 anos de idade na aldeia de Reil, no dia 27 de janeiro de 1821, com Anna Margaretha Simonis, nascida em 23/12/1802 na aldeia de Pünderich, Mosela, onde passaram a residir e de onde partiu para o Brasil após a morte da espôsa. Deste casamento nasceram, em Pünderich, cinco filhos:

Consta que Nikolaus Arns registrou com seu próprio punho o documento de óbito de sua esposa Anna Margaretha Simonis em 03.02.1835 em Pünderich. Em documento recebido em dezembro de 1990, o historiador Joseph Koch anexou a certidão do segundo casamento de Nikolaus Arns, que, "por motivo dos filhos pequenos", contraiu as segundas núpcias com Maria Elizabeth Klering, em 26 de setembro de 1835, às 5 horas da tarde, em Bengel, na hoje Alemanha. Não houve registro de nascimentos do segundo casamento.

Nikolaus Arns era filho de Johann Stephan Arentz (nascido em 22/02/1858 e falecido em Dachdecker), casado em 21/02/1792 com Anna Maria Rees (nascida em Reil em data ignorada e falecida também em Reil em 29/06/1819).

Johann Stephan era filho de Johann Arens, nascido em 07/10/1718 em Reil e falecido em 1766, casado com Anna Gertrud Lentz, falecida em 06/05/1774 em Reil.

Johann Arens era filho de Johann Arns, nascido em 24/12/1662 em Reils e falecido em 07/08/1744 também em Reil, casado em 17/01/1708, em Reil, com Gertrud Schul.

Johann Arns era filho de Arnold Peter Arns, nascido em 1650 em Burg e falecido em 11/09/1709, casado em 18/11/1678 em Reil com Apolonia Reiss, nascida em 06/07/1656 e falecida em 07/06/1703 em Reil, Mosel.

Finalmente, Arnold Peter Arns era filho de Arnold Johann Arrens, nascido em 1620 na Westphalia e falecido em 31/03/1692, casado com Suzanna.

Convém observar que o sobrenome "Arns" é encontrado com grafias diferentes desde o ano de 1600. Isso pode ser atribuído à falta de registros civil até 1820. Até então os nomes eram anotados da maneira como soavam aos ouvidos de quem escrevia. A partir de 1833 o sobrenome "Arns" passou a ser escrito da maneira como é feito até hoje. De Nikolaus Arns foram encontradas três grafias nos documentos pesquisados: "Arenz", na genealogia, "Arens" na certidão de casamento e "Arns" no livro mencionado sobre a imigração dos alemães para Santa Catarina e na assinatura da certidão de casamento na Alemanha. No documento da pesquisa realizaa por Herbert Arns em 1932, o primeiro Arns, escrito Arrens, foi Arnold  Johann, orundo da Westphalia, nascido cerca de 1620. Era "landsknecht" (empregado rural). Chegou a Reil, na Mosela, cerca de 1639.

Os Rocha

Os dados mais antigos que tenho sobre os Rocha são os dos registros de casamento de Joaquim Rocha da Silva com Maria Hences (Heinzen) e de Francisco da Rocha e Silva com Felicidade Antônia da Cruz, obtidos do "Livro de Registros Matrimoniais de Santo Amaro do Cubatão - Anos 1860-1874 - nº 01". Neste livro consta o seguinte:

Pág. 08 - Joaquim da Rocha Silva & Maria Hences (Heinzen)
Casados em 05/06/1861 em Santo Amaro do Cubatão.
Ele filho legítimo de Antônio Vieira da Rocha & Josepha da Silva. O noivo é nascido e batizado na Cidade do Porto, Reino de Portugal.
Ela filha legítima de Mathias Hences e Maria. A noiva é natural de São José.
Testemunhas do Matrimônio: não possui.

Pág. 09 - verso - Francisco da Rocha e Silva & Felicidade Antônia da Cruz
Casados em 03/081861 em Santo Amaro do Cubatão.
Ele filho legítimo de Antônio Vieira da Rocha & Josepha Machado e Silva. O noivo é natural do Porto, Reino de Portugal.
Ela filha legítima de Antônio José Machado da Cruz & Florência Perpétura. A noiva é nascida e batizada em São José.
 

O primeiro registro é o do casamento de um tio-tetravô de meus filhos e o segundo registro, de Francisco da Rocha e Silva é o do irmão dele, um tetravô de meus filhos, trisavô de minha espôsa, bisavô de meu sogro... Pretendo ir à cúria de Florianópolis obter uma cópia destes registros...

Francisco da Rocha e Silva é o pai dos dois irmãos, Luís Rocha e Luciano Rocha, que se casaram com duas irmãs, Bárbara Heinzen e Gertrude Heinzen, filhas de Pedro Heinzen e de Anna Maria Arns. Consta que eles de Imaruhy iam vender peixe em São Martinho e lá conheceram os colonos alemães. Parece que logo conquistaram a confiança pelo fato de se integrarem aos trabalhos da lavoura no tempo que passavam lá...

Eu mesmo "agreguei-me" à árvore genealógica dos Rocha em 24 de maio de 1996, ao casar-me com Elvira Rocha, filha de Domício Rocha e e Elvira Lucinda Cepeda Rocha. Desta união surgiram mais dois membros das árvores dos Rocha, dos Simões, dos Hagedorn, dos Sellmer, dos ...

Em contatos com várias pessoas, pesquisadores (Felipe Pinheiro de Campos), amadores (eu e outros), historiadores (Aderbal Philippi, Toni Vidal Jochen) e outros, consegui levantar os dados abaixo. Estes dados podem conter incorreções e não necessariamente mostram as fontes, mas tentam ser fiéis à verdade. Espero, se Deus permitir, poder colocá-los em um livro, citando, na medida do possível as origens das informações e fatos históricos associados. Entre estes fatos, trazidos ao meu conhecimento pela tradição oral, contam dois de relevante interesse: a prisão injusta de Pedro Heinzen, que o levou ao entrevamento, e a morte acidental de alguém cujo nome não me ocorre agora, ao cair e disparar uma garrucha pendurada na parede, escondida atrás de um pano... Estes dois episódios foram-me contados por meu sogro, Domício Rocha. outros descobri pela leitura de várias obras literárias: aprendi que Nikolaus Arns, bisavô de Dom Paulo Evaristo Arns e trisavô de meu sogro, foi soldado de Napoleão e veio morrer aqui com uma paulada na cabeça... Mas estas são apenas algumas poucas histórias de que se tem conhecimento hoje... Quantas não se perderam? Vamos tentar fazer com que outras não se percam, aqui neste espaço, da

Árvore genealógica dinâmica dos descendentes do casal Luis Francisco Rocha e Antonia Felícia da Cruz